Tex Willer colorido fracassa nas livrarias italianas

A Itália foi um dos países mais atingidos pela Covid-19, logo, prejudicando economicamente a Sergio Bonelli Editore fazendo com que os planos de publicações sejam muito bem avaliados no futuro. Ao que tudo indica, uma das edições que não terá mais continuidade, devido ao custo e às baixas vendas são as edições encadernadas coloridas de Tex Willer. São edições encadernadas que compilam as aventuras do jovem Tex com mais de 250 páginas  vendidas especialmente em livrarias.

O pior é que esta decisão da Sergio Bonelli cria uma rusga entre o principal editor e responsável por todo o material produzido de Tex, Mauro Boselli e a “diretoria” da Sergio Bonelli. No fórum Comicus, onde Boselli escreve usando o apelido de Borden, ele comenta que as histórias coloridas do jovem Tex não aparecerão mais, apenas as suas versões preto e branco que mantém altas vendas nas bancas.

Foram lançadas ao todo três edições coloridas e seis meses depois do lançamento da última, um usuário do fórum questionou onde estava o novo volume. O próprio Boselli respondeu: “Não contem muito com isso. A série das bancas é a única “segura”. Isso tinha que ser dito e estou dizendo agora”. Ou seja, a série do jovem Tex colorido não será mais publicada. Um usuário então criticou Boselli ressaltando que ele disse que publicaria todas as histórias mensais em volumes coloridos e Boselli respondeu: “Lembro que não sou o Gerente Geral e nem mesmo o Diretor Editorial. Eu cuido que Tex Willer chegue nas bancas”. Destacando aqui que a decisão não foi dele.

A série mensal do jovem Tex Willer é o maior sucesso da Bonelli em 15 anos. A primeira edição vendeu 100 mil cópias e as seguintes mantiveram o número de 60 mil cópias vendidas, segundo o editor de Zagor, Moreno Burattini. Porém este número é estranho, pois Tex deveria vender mais que Dylan Dog e segundo Boselli nos editoriais, a maioria dos leitores são novos e nunca leram o antigo Tex.

Sempre querendo abrir o mercado nas livrarias, mesmo atingindo milhares de bancas espalhadas por toda a Itália, a editora decidiu reeditar as histórias do jovem Tex, publicadas em preto e branco, em um grande formato. O resultado foi o seguinte: Alguns compram somente porque é colorido. E estes alguns, não compram as edições mensais, assim, as vendas do Tex nas livrarias não chegam a 70 mil exemplares. Não que seja um número pequeno, porém, segundo Boselli, não é um número que faça a Sergio Bonelli dar continuidade à série colorida.

Boselli deixa claro que as decisões são tomadas apenas pelos diretores, Davide Bonelli e Simone Airoldi, mas é provável que somente o segundo conte, pois Davide chamou Airoldi para apoiá-lo na gestão da editora após a perda de Sergio Bonelli.

Ao que parece, a relação entre Boselli e Airoldi não está boa e se houvesse um rompimento isso seria um grande problema. Pasquale Ruju é o sucessor designado de Boselli, um grande escritor, mas Boselli é de outro planeta. Escreve várias e várias histórias, cuida de muitas edições ao mesmo tempo além de sempre buscar novidades para Tex. Existe muita doação de Mauro para com o personagem.

Em resposta a outro usuário do fórum, Boselli foi enfático: “O número de vendas em bancas está na casa de dezenas de milhares. Mas você tem ideia de quanto qualquer livro vende na livraria? Quem quiser ler Tex Willer deve comprá-lo nas bancas, ponto final. O colorido custa caro e vende muito menos e não vou mais tentar mais convencer meus chefes”.

Tex Willer já chegou na 25ª edição na Itália e no Brasil, publicado pela  Editora Mythos, já está na edição 23.

As edições coloridas de Tex são em capa dura coloridas pela GFB Comics.

A primeira edição é TEX WILLER. VIVO O MORTO! 256 páginas com roteiro de Mauro Boselli, arte de Roberto De Angelis e capa de Massimo Carnevale.

A segunda edição foi TEX WILLER. I DUE DISERTORI. 320 páginas com roteiro de Mauro Boselli, desenho de Bruno Brindisi e capa de Massimo Carnevale.

E a última, publicada em 11 de junho de 2020 é TEX WILLER. PINKERTON LADY com  256 páginas. Roteiro de Mauro Boselli, arte de Roberto De Angelis e capa de Massimo Carnevale.

Fonte: Comix Archive: Rivista Critica di Cultura Nazionale – Il flop di Tex in libreria e il rapporto tra Mauro Boselli e il direttore Airoldi.

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  1. Eliesio

    Estamos só esperando o “Bumm” acontecer aqui no Brasil, quando os fãs modinhas e lombadeiros, procurarem outro meio de gastar o seu rico dinheiro e a moda passar, e as grandes editoras tiverem destruído o mercado de bancas. O legal vai ser todo mundo com uma coleção que foi gasto uma fortuna e não valer nada para revenda.

    • Ricardo Elesbão Alves

      Bom dia Eliesio,

      Poderia explicar melhor seu comentário? Boom de que, de cancelamento de títulos, é isso ? (esse era o tema da matéria). Também não entendi bem o final, você acha que quem coleciona, compra para revenda?

      Grande abraço e feliz 2021,

      Ricardo Elesbão (Confraria Bonelli)

    • Natanael Floripes

      Quem destruiu as bancas foram os leitores (de revistas em geral, não só quadrinhos), que pararam de frequentá-las. Em primeiro lugar, o principal das bancas nunca foi quadrinhos. Eram jornais e revistas que eram para o grande público como Veja, Quatro Rodas, Cláudia, Capricho etc. Não sei se você já notou, mas quase ninguém mais compra jornal ou revistas impressas…. Triste, mas é assim. Por isso revistas já deixaram de ser publicadas (como a Playboy), jornais já deixaram de ser publicados e as revistas que sobraram estão magrinhas e com tiragens super-reduzidas. E sem a venda de jornais e revistas, restou aos jornaleiros fechá-las ou transformá-las em quiosque de venda de quinquilharias. Não foi uma decisão (que seria estúpida) de editores de destruirem as bancas.

    • Raphael

      Acredito que apesar de toda competência do Boselli, ele não aparente ser a pessoa mais fácil de se conviver.
      Já houve aquele mal entendido entre ele e o Mike Deodato Jr. Agora com a diretoria da Bonelli.

  2. Natanael Floripes

    Complementando a mensagem anterior, na Itália a coisa parece ir para o mesmo caminho com relação às bancas. Mesmo antes da pandemia, em 2019, já era deprimente comparar como estavam os quiosques (bancas) comparado com alguns poucos anos antes. Antigamente, as revistas eram muito mais eram lotadas de revistas. Agora, muitas já fecharam e o número de títulos disponível em cada uma diminuiu assustadoramente.
    O motivo certamente não é muito diferente daquele que vale para o Brasil. Migração dos leitores para os meios digitais, com a perda do interesse pela compra de jornais e revistas em geral.

  3. Juruna

    Gente, banca de revista caminha para ser como máquina de escrever e, no futuro, carro a combustível fóssil: peça de museu. Não sei se é bom ou ruim, mas é um fato inevitável. O consumo de “gibis” se dará por compra direta da editora ou de Amazons da vida, se é que esse formato popular vai sobreviver. Isso aqui ou na Itália, países em que o comércio de quiosques era tradicional (em outro locais, não era mais há muito tempo). Então, nem se discute isso. O que se pode discutir é o impacto que publicações como o gibi clássico do Tex, voltada em seu formato e custo para o consumo em banca de revista, pode sofrer com o advento de um novo formato para aquisição do produto.

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