O selo Lorobuono Fumetti e a Editora 85 estão com campanha no Catarse para o lançamento dos volumes 3 e 4 de Saguaro que contém as edições de 11 a 20 italianas. A Editora 85 pretende publicar a série completa em sete volumes com 484 páginas cada.
Saguaro conta a história do índio Navajo Thorn Kitcheyan, veterano da Guerra do Vietnã que volta à reserva Navajo e encontra seu povo em perigo devido à corruptos proprietários de terra e corporações fazendo seus negócios sujos. Saguaro então se alia ao FBI para poder enfrentar os criminosos da região em uma série de aventuras com muita ação e reflexões acerca da situação dos nativos americanos.
A trama acontece na década de 1970, com os Estados Unidos fragilizados, abalados pela guerra e pela ebulição social que o país vive. O mesmo período é um tempo dramático para os nativos, deixados sozinhos ou atormentados por políticas governamentais injustas. Tudo isso é abordado em Saguaro, série criada por Bruno Enna e graficamente desenvolvida por Alessandro Poli.
Cada volume irá contar com cinco histórias. No volume 3 temos Saguaro #11 – Caçadores e presas, com desenhos de Fabrizio Busticchi e Luana Paesani. Antes de voltar da guerra, transformado no corpo e na alma, Cobra Ray também tinha uma família. Agora que essa família está em perigo, o pior inimigo de Saguaro trama uma maneira cruel, impiedosa e distorcida para convencê-lo a se juntar a ele no rastro de dois assassinos ferozes.
Em Saguaro #12 – Matem a testemunha!, com desenhos de Luigi Siniscalchi, acompanhamos a história de Miguel Aguilar, uma testemunha ameaçada por Noah Folsom que espalha a ordem de matá-lo para os criminosos, tendo em vista o início do seu julgamento. Saguaro e Kai, encarregados de escoltar a jovem testemunha, enfrentam marginais e assassinos de todo tipo, em uma corrida contra o tempo nos trilhos da Amtrak!
Saguaro #13 – Sentença de morte, com desenhos de Elisabetta Barletta, temos a continuação da edição anterior, com o início do julgamento de Noah Folsom. Miguel está pronto para testemunhar e Saguaro e Kai para encerrar esse difícil capítulo da vida de todos. A única incógnita parece ser o veredicto do júri, pelo menos até Cobra Ray entrar em ação, embaralhando dramaticamente as cartas na mesa.
Em Fuga na serra, história de Saguaro #14 com desenhos de Italo Mattone, Saguaro é acusado injustamente de homicídio. Acaba ecebendo a ajuda de Júlio Aguilar para cruzar a fronteira do México. Recebido entre os pacíficos rarámuri da Sierra Tarahumara, o nosso herói acaba envolvido numa cruel caçada humana, que o obriga a sair a descoberto e arriscar a vida.
Na última história do volume #3, temos: Entre dois fogos, história da 15ª edição de Saguaro, com desenhos de Marco Fodera. Saguaro decide deixar o México para trás. De volta aos Estados Unidos, enfrenta perigosos traficantes de armas, na esperança de descobrir onde Cobra Ray está escondido. Mas sua fuga é acompanhada passo a passo pelos determinados delegados federais, os US Marshals, que têm a ordem de capturá-lo vivo ou morto!
A primeira história do volume #4 traz a edição de Saguaro #16 – O ninho da águia, com desenhos de Luigi Siniscalchi. Chamado para colaborar na busca aos rebeldes da Rádio Águia Livre, Saguaro se vê envolvido em uma história com implicações inquietantes em que nada é o que parece. A investigação o leva a entender que há algo de podre no Bureau, trazendo à tona dúvidas e questionamentos e revelando que um velho irmão de sangue retornou.
Em Saguaro #17 – Almas perdidas, com desenhos de Fabrizio Busticchi & Luana Paesani, Saguaro é chamado por um ex-companheiro de armas. Vai a uma pequena cidade do Texas para investigar um homicídio e tentar salvar uma casa coletiva dedicada a assistir veteranos do Vietnã. A verdade se esconde nas sombras de uma comunidade em que reina a hipocrisia e que se recusa a cuidar dos próprios filhos.
Saguaro #18 – A tribo do céu, com desenhos de Marco Fodera leva Saguaro a Nova York. Thorn viaja à Grande Maçã para ajudar os colegas federais em um caso difícil que envolve nativos americanos. Agindo como infiltrado entre os trabalhadores da construção de alguns arranha-céus, Saguaro descobre que tudo se liga a um velho conhecido.
Saguaro #19 – FBI Academy, com desenhos de Davide Furnò e Paolo Armitano mostra Saguaro atuando como instrutor temporário na Academia Federal de Quântico. Treina alguns agentes nativo americanos muito promissores, mas acaba se envolvendo na investigação de um assassinato inexplicável, que o leva a caçar um de seus alunos e descobrir que nem tudo dentro do FBI é o que parece.
E na última edição do volume #4, Saguaro #20 – O homem de areia, com desenhos de Fabio Valdambrini, Saguaro e Kai se envolvem na busca por um jornalista que desapareceu enquanto caçava um ex-criminoso nazista. As investigações os levam ao Novo México, na região do deserto de White Sands, onde os vestígios do desaparecido parecem se dissolver passo a passo, como pegadas na areia.
A campanha no Catarse vai até dia 6 de outubro e você pode adquirir os volumes anteriores apoiando determinados combos. Para apoiar basta acessar: https://www.catarse.me/sg3e4
Em abril a Editora Futuro lançou Nathan Never vol.2 com as edições italianas #4, #5 e #6 e neste mês está no ar a campanha no Catarse para a publicação do volume 3. A campanha vai até dia 30 de setembro e traz as edições #7, #8 e #9. O volume #1 foi publicado pela Editora Graphite em 2020, por isso a Futuro preferiu publicar neste momento as edições seguintes, já que foi muito recente.
Vol.2 – Futuro
Seguindo o mesmo projeto gráfico da Graphite, com a diferença de ser em capa cartão e em papel off-set, a Futuro planeja seguir publicando Nathan Never pelo Catarse. A primeira campanha não conseguiu bater a meta, mesmo assim as edições foram impressas e entregues aos apoiadores. E a campanha atual já superou o número de apoiadores da primeira.
Vol. 3 – Futuro
As edições de Nathan Never da Futuro são baseadas nas edições italianas de Nathan Never Grande Ristampa, de 2009 e contam com a tradução de Paulo Guanaes e letras de Lilian Mitsunaga. O volume 3 terá 296 páginas mais as capas originais.
Nathan Never é o primeiro título de ficção científica da Sergio Bonelli Editore. Criado em 1991 por Antonio Serra, Michele Medda e Bepi Vigna. Nathan faz parte da Agência Alfa, uma das agências particulares que combatem o crime neste futuro semi-distópico. Nathan é uma mistura de alta ficção científica, gênero noir, crimes urbanos e de clássicos do cinema como Blade Runner e Alien.
Página de A Zona Proibida.
No segundo volume da Futuro que está em campanha no Catarse, a primeira história é “A Zona Proibida”, uma aventura ao estilo de “Fuga de Nova York”, de John Carpenter. Conta com roteiro de Antonio Serra e desenhos de Nicola Mari. Nela, Kal Skotos sequestra os passageiros de uma nave, o doutor Alan Byrne e a jovem June, e os transporta para a Ilha do Inferno, cujo acesso é proibido devido a um vírus perigoso que infectou seus habitantes, tornando-os monstros mutantes. Nathan Never recebe a missão de libertar os dois prisioneiros e trazê-los de volta dentro de 48 horas, antes de ele próprio ser infectado. O Agente Alfa consegue libertar Byrne e June, graças ao alarme criado entre os homens de Skotos por um misterioso grupo de homens uniformizados de preto e bem armados…
Fuga de Nova York (1981) – John Carpenter
Na segunda história, “Os Homens-Sombra”, com roteiro de Antonio Serra e desenhos de Nicola Mari, é uma continuação direta da aventura anterior. Nathan Never consegue escapar dos homens da Irmandade Sombra com a ajuda de uma comunidade de “crianças-homens” liderada por Bill e Sony. Mas, para escapar dos capangas de Skotos e dos misteriosos Homens-Sombra e ainda levar a um lugar seguro Byrne e June (que começa a sentir uma doença inexplicável), Nathan ainda terá que enfrentar o terrível Big Sam…
E na terceira história da edição, “Os olhos de um Estranho”, com roteiro de Michele Medda com arte de Stefano Casini, Nathan investiga quem matou Hannah Owens, uma mulher solitária e introvertida com uma vida aparentemente normal. A investigação é solicitada pela única amiga da vítima, Lucy Vega. Durante a investigação, Nathan descobre, com a ajuda de Sigmund Baginov, que outras três mulheres solteiras como Hannah foram mortas de forma semelhante. Ao revistar o apartamento de Hannah, Nathan é surpreendido por um indivíduo misterioso e na pressa de escapar, o estranho perde uma fita de vídeo.
Esta história é repleta de referências, em especial a Blade Runner. A trama é inspirada nas canções melancólicas da americana Suzanne Vega, famosa pela canção “Luka”. É daí que vem o nome de Lucy Vega, contratante de Nathan.
O personagem Manny Gray é semelhante em aparência a J. F. Sebastian, também conhecido como John R. Isidore, de “Blade Runner”.
Na página 41, Nathan tem um dos muitos encontros com um símbolo constante em suas histórias: o unicórnio (que também é elemento recorrente em “Blade Runner”).
Na página 69, Amanda seca o cabelo com um capacete semelhante ao usado por Zhora em “Blade Runner”.
As edições #7 e #8 já foram publicadas no Brasil pela Editora Globo em 1992 e a edição #9 foi publicada pela Editora Mythos em 2018.
Esta semana muito se falou sobre a Editora Mythos e buscando colher mais informações acabou surgindo uma excelente novidade. Por e-mail o Editor e sócio da Mythos, Dorival Vitor Lopes revelou que a editora já está preparando o segundo volume de Dylan Dog Omnibus para dezembro.
Dorival Vitor Lopes. Foto: texwillerblog.com
“Estamos firmes e fortes e já trabalhando no plano editorial do próximo ano. E nosso projeto mais imediato é fazer nossas vendas crescerem e preparar o Dylan Dog Omnibus nr. 2 para dezembro”, revelou Dorival.
O primeiro volume, lançado em agosto, superou as expectativas de vendas da editora que precisou fazer mais de uma tiragem para dar conta dos pedidos em pré-venda. Com 604 páginas, a edição traz as seis primeiras edições do Investigador do Pesadelo, todas com roteiro do criador do personagem, Tiziano Sclavi e desenhos de Angelo Stano, Corrado Roi, Gustavo Trigo, Montanari & Grassani, entre outros.
Todas as seis edições já haviam sido publicadas pela Editora Record no início da década de 1990 e a primeira, “O Despertar dos Mortos Vivos” foi publicada pela Editora Conrad em 2001.
E para o próximo Omnibus teremos as seguintes histórias:
Dylan Dog #7 – A Zona do Crepúsculo, com roteiro de Tiziano Sclavi e desenhos de Montanari & Grassani. A vida flui em Inverary, lenta e lamacenta como a água do pântano. Mabel Carpenter (referência a John Carpenter) experimenta uma angústia silenciosa enquanto os dias seguem preguiçosamente… Será sempre assim? Vai ser desse jeito todos os dias? Há algo estranho na neblina do lugar. Qual é o segredo que o Doutor Hicks esconde? Por que ninguém nasce e ninguém morre na eterna quietude de Inverary? Muitas perguntas certo? Somente o Dylan pra desvendar tudo.
Dylan Dog #8 – O Retorno do Monstro, roteiro de Tiziano Sclavi com arte de Luigi Piccatto. Leonora Steele é cega, mas pode ver com os olhos da memória. A morte chegou perto dela há muitos anos, quando sua família foi assassinada por um louco. Agora este monstro voltou! Damien, o gigante assassino fugiu do manicômio para matar Leonora e o único que pode impedi-lo é Dylan Dog. Esta edição também foi publicada pela Conrad em 2001.
Dylan Dog #9 – Alfa e Omega. Roteiro de Sclavi com desenhos de Corrado Roi. A noite se ilumina e um objeto estranho despenca do espaço. A jovem Amy Irving encontra uma força alienígena com um poder incrível: o poder de se moldar em formas infinitas. Os mistérios de todo o cosmos se abrem diante de Dylan Dog. Qual é o propósito secreto da criatura? Por que ele escolheu a Terra? E por que ele quer um filho com Amy? Eeeeepa!! Uma das primeiras e brilhantes histórias de Sclavi que tratam de ufologia.
Dylan Dog #10 – Através do Espelho. Roteiro de Sclavi com desenhos de Giampiero Casertano.
Aditrevid é etrom A… Sim, às vezes é preciso ler o livro do Destino de trás para frente para entender a trama. Uma cadeia de mortes sem explicação e sem culpados, monstros infernais que saem dos espelhos, portas abertas para outros mundos. Tudo começa na casa de Rowena durante um baile de máscaras, um baile em que ninguém é o que parece ser…
Dylan Dog #11 – Diabolô O Grande. Roteiro de Sclavi com arte de Luca Dell’Uomo.
Com um movimento ágil dos dedos, um manequim, sangue falso… e o voilá, o truque está feito! No espetáculo de Diabolô, a morte é encenada como uma ilusão perfeita, mas, na vida real, ninguém vê o truque… porque não existe! Um serial killer se move nos bastidores da magia e um caso difícil está no caminho de Dylan Dog: ele deve enfrentar todos os truques de mágica de uma mente perturbada.
Dylan Dog #12 – Killer! Roteiro de Tiziano Sclavi com desenho de Montanari & Grassani.
“Cão!” é a única palavra que escapa entre os lábios do assassino. O que isso significa? Um gigante invulnerável assola as ruas de Londres, matando com a frieza de uma máquina e ninguém consegue detê-lo. Sua força vem de uma antiga profecia, sua mente vazia tem um único propósito: Matar Sarah Connor! Não… semear a destruição, apenas. Adivinhem quem se coloca no caminho deste… Exterminador e quase acaba se dando mal? Dylan Dog!
Esta edição foi publicada pela Mythos em 2003 em Dylan Dog #6.
Aproveitando fica a dica de capa para o segundo volume com uma belíssima arte de Bruno Brindisi!
No próximo sábado (10) acontece a Garage Sale Mythos 2024. Um dos principais eventos de quadrinhos que volta ao calendário dos fãs. Organizado pela Editora Mythos, o evento além de oferecer descontos com até 70% contará com uma série de convidados para participar do evento.
A Editora Mythos está há quase 30 anos no mercado e entre suas principais publicações está Tex, Julia e Dylan Dog da editora italiana Sergio Bonelli Editora. Além de Fantasma, Hellboy, Juiz Dredd, Conan e a Editora também está lançando mangás.
Entre os convidados estará o desenhista Pedro Mauro, primeiro brasileiro a desenhar Tex que estará autografando a edição Tex Especial Colorida nº18, que conta com a história Longa Noite em Cayote, com roteiro de Mauro Boselli e desenhos do brasileiro.
Também estarão presentes os editores do Universo HQ, Sidney Gusman, Samir Naliato e Marcelo Naranjo. O Universo HQ é um dos principais sites sobre quadrinhos no Brasil, que contam com o Podcast Confins do Universo e com a live semanal UHQ em Resenha.
Também estará Rafael Goulart do canal Batatinha Comics, Leonardo Campos representando a Confraria Bonelli, a Editora Salvat que tem uma coleção de Graphic Novels de Tex e o sócio e Editor da Mythos Dorival Vitor Lopes.
Além dos lançamentos mais recentes, como o Omnibus do Dylan Dog e as On Demands de Júlia, serão distribuídos brindes exclusivos do evento e disponibilizadas raridades do estoque. O evento será realizado das 10h às 17 horas na sede da Editora Mythos, Av. Mutinga, 595 – Vila Pirituba, São Paulo – SP. Neste dia a loja Mundo Mythos, na Rua Augusta estará fechada.
Algumas das raridades e brindes que estarão no evento.
“A Beleza do Demônio” é a sexta história do Omnibus de Dylan Dog lançado pela Editora Mythos. Concluindo a série de matérias especiais que a Confraria Bonelli preparou para este material com o intuito de aprofundá-la através das várias referências ao cinema e à cultura geral presentes na obra de Tiziano Sclavi.
Para cada matéria foi criado um cartaz de filme, do qual tem alguma relação com a história mencionada. Em “A Beleza do Demônio”, o cartaz foi inspirado no do filme “A Beleza do Diabo” (1950), de René Sinclair.
Dylan Dog – A Beleza do Demônio. Publicado originalmente em Dylan Dog – La bellezza del Demonio de 1º de março de 1987. Roteiro de Tiziano Sclavi, arte de Gustavo Trigo e capa de Claudio Villa.
Larry Varedo era o melhor assassino profissional antes daquele fatídico dia em 1945. Um assassino frio e calculista, mas quando lhe contratam para matar Mala Behemoth, seu gelo derrete. Ela era tão linda, inatingível, quase como um fantasma ou.. um demônio! Dylan Dog irá precisar mergulhar nas areias do passado e até mesmo alcançar as profundezas do inferno para poder encontrá-la para Larry.
Claudio Villa retrata na capa um demônio visto de costas. Este demônio poderia ser inspirado em O Senhor das Trevas, interpretado por Tim Curry em “A Lenda” (1985), filme de Ridley Scott estrelado por Tom Cruise.
O título da obra, como mencionado no editorial da edição original, é inspirado em “A Beleza do Diabo” (1950), de René Sinclair. O filme é uma adaptação cinematográfica do poema trágico Fausto, de Goethe. Fausto é mencionado na história: “Eu chamo o Diabo, e ali está ele, parece até aquele romance… como se chamava? FAUSTO”.
Nessa obra, o personagem Mefistófeles (o diabo) aposta com Deus que Fausto tem um preço para a sua alma, como qualquer outro humano. Assim, Mefistófeles faz um trato com Fausto: satisfará todos os seus desejos em troca de sua servidão após a morte.
O clássico detetive noir
Jerry Lace, o homem com o rosto de Humphrey Bogart.
O assassino profissional, Larry Varedo é inspirado em muitos personagens do cinema e da literatura noir. Porém a referência mais próxima pode ser Luca Torelli, o Torpedo. Personagem da série em quadrinhos de Enrique Sánchez Abuli com desenhos de Alex Toth e Jordi Bernet. Torpedo foi publicado no Brasil pela Editora Figura e pela JBraga.
A natureza fantasmagórica de Larry também pode se referir ao Humphrey Bogart interpretado por Jerry Lacy em “Sonhos de um Sedutor” (1972) de Woody Allen. Neste filme, o crítico de cinema Allan (Woody Allen) entra em depressão depois que sua esposa o abandona. Ele busca consolo nos filmes que ama enquanto imagina Humphrey Bogart (Lacy) lhe dando conselhos de como lidar com as mulheres, sendo que estes conselhos são desprovidos de qualquer sutileza. Seu amigo Dick e a esposa Linda o encorajam a conhecer novas mulheres, mas com a sua personalidade frágil nenhuma tentativa funciona. Tudo piora quando Allan começa a ter sentimentos por Linda, passando a se sentir culpado.
O sobrenome, Varedo, vem de um município da Lombardia, na província de Monza e Brianza, não muito longe de Broni, cidade natal de Tiziano Sclavi. Na página 9 Varedo usa a palavra “Pula”, uma gíria usada na Itália para se referir à Polícia Estadual. Além disso, o nome da protagonista feminina, Mala, refere-se tanto ao conceito de mal, quanto à gíria para “submundo” do crime.
É daí que surgiram as tais “Canzoni della mala”, ou Canções do Submundo, na Itália. Um repertório popular de canções que apresentam canalhas, policiais, criminosos, presos, etc…. Idealizadas por volta de 1957/59 por Giorgio Strehler, com alguns autores de prestígio, entre eles a cantora Ornella Vanoni que levou estas canções ao sucesso.
Amor de mãe
Henry Travis como Clarence Oddbody.
O homenzinho, o pobre diabo que contrata Varedo apenas para se arrepender, chama-se Clarence Oddbody, exatamente como o anjo enviado por Deus a George Bailey, interpretado por James Stewart no filme de 1946, A Felicidade Não Se Compra. No filme, Clarence é um espírito candidato a anjo que recebe a missão de ajudar um homem muito valoroso, porém desiludido. George Bailey está à beira do suicídio quando é salvo por Clarence, que lhe mostra como ele é importante na vida de muitas pessoas.
O cadáver embalsamado do homem é uma alusão ao filme “Psicose” (1960), de Alfred Hitchcock. Porém a mãe e o filho psicopata aqui estão com os papeis invertidos. A mãe obesa e possessiva de Clarence pode vir de vários personagens. Uma é a Mama Fratelli, de Os Goonies (1985), interpretada por Anne Ramsey, que terá papel semelhante em “Jogue a Mamãe do Trem” (1987), com Danny Devito e Billy Cristal.
Anne Ramsay como Mama Fratelli em Os Goonies.
Na página 53 Dylan cita um dos famosos aforismos de Oscar Wilde: “Nada do que realmente acontece tem a menor importância.
A música que Dylan ouve em seu estúdio, na página 63 é Phantom’s Theme, de Paul Williams. Música que faz parte da trilha sonora do filme “O Fantasma do Paraíso” (“Phantom of the Paradise”, 1974) de Brian de Palma.
Por sua conta e risco
Behemoth, criatura presente na Bíblia.
A mulher que Varedo quer encontrar, Mala Behemoth, tem um sobrenome peculiar. Não é um dos nomes do diabo como Dylan menciona, mas sim uma gigantesca criatura lendária, mencionada, entre outras fontes, no Livro de Jó, na Bíblia.
Contempla agora o beemote, que eu fiz contigo, que come erva como o boi. Eis que a sua força está nos seus lombos, e o seu poder, nos músculos do seu ventre. Quando quer, move a sua cauda como cedro; os nervos da suas coxas estão entretecidos. Os seus ossos são como tubos de bronze; a sua ossada é como barras de ferro. Ele é obra-prima dos caminhos de Deus; o que o fez o proveu da sua espada.
Jó 40:15-24
Mala está hospedada no Hell’s Hotel (Hotel do Inferno), que fica na Rua do Paraíso, número 666 (número da Besta, segundo o Apocalipse de São João). Em outras palavras, entre o céu e o inferno.
Os demais sobrenomes presentes nas caixas de correio do condomínio onde Mala mora referem-se a escritores famosos: Burroughs, pode ser William S. Burroughs (autor de Junky e Almoço Nu), ou Edgar Rice Burroughs (criador de Tarzan e John Carter). Stevenson seria Robert Louis Stevenson (autor de A Ilha do Tesouro) e Conrad para Joseph Conrad (Coração das Trevas). Wilde para Oscar Wilde (O Retrato de Dorian Gray).
O feitiço recitado para evocar Mala, “Saday Agios Other Agla Ischiros Athanatos”, é a parte final de um feitiço de evocação contido no manuscrito denominado Opération des Sept Esprits des Planètes, guardado na Biblioteca do Arsenal, em Paris.
A invocação completa diz… leia por sua conta e risco:
“Eu te conjuro, N… (nome do demônio invocado), em nome do grande Deus vivo que criou o céu e a terra e tudo o que neles está contido e em nome de seu único Filho, redentor da raça humana, e do Espírito Santo, consolador benigno, e pelo poder do Empíreo Celestial, aparecer-me imediatamente e sem demora, e com uma aparência agradável, e sem ruído, e sem dano à minha pessoa e aos que me acompanham, e para que faça tudo o que eu lhe ordenar. Eu te conjuro, pelo Deus vivo, El, Ehome, Etrha, Ejel aser, Ejech, Adonay Iah Tetragrammaton Saday Agios outro Agla ischiros athanatos. Amém Amém Amém!”
Quando Dylan fala “Há quem diga que a vida de todo mundo é só um sonho”, ele pode estar se referindo a peça “A Tempestade” de Shakespeare, quando Próspero recita o famoso: “Nós também somos feitos da matéria de que são feitos os sonhos; e nossa curta vida está contida no espaço de um sonho”.
Mas, mais provavelmente é apenas uma citação à peça teatral “A Vida é Sonho”, de Pedro Calderón de la Barca, que narra as aventuras de Segismundo, filho renegado de Basílio, rei da Polônia que ao nascer é trancado em uma torre. Seu único contato com o mundo externo é Clotaldo, seu guardião e fiel servo de seu pai.
Nosso Ariano Suassuna, intelectual, escritor, filósofo, dramaturgo, romancista, artista plástico, ensaísta, poeta e advogado brasileiro, autor de O Auto da Compadecida e que costumava usar camisa vermelha e blaser preto, em uma de suas várias palestras pelo Brasil já falou sobre esta obra:
“A Beleza do Demônio” lembra o filme “Coração Satânico” (1987), que parece ecoar por toda a história. Detetive, clima noir, sobrenatural, elevador com porta pantográfica idêntica… Porém, por ser lançado no mesmo ano da obra, dificilmente teve alguma influência na história de Sclavi, já que as histórias da Bonelli são sempre realizadas um ano antes. “Coração Satânico” é baseado no romance “Falling Angel” do escritor americano William Hjortsberg, também autor do roteiro de A Lenda, de Ridley Scott.
Na página 46, o último quadro faz uma alusão ao quadro “Lamentação sobre o Cristo Morto”, de Andrea Mantegna. O restante da página pode ser uma referência à obra de Alfred Kubin e Grandville, em particular “O Sonho de Crime e Castigo” de 1847.
“O Sonho de Crime e Castigo” de Alfred Kubin e Grandville.
O contraponto resultante do patriarcado
Sclavi nos traz uma discussão moderna e bem elaborada sobre o patriarcado usando as duas personagens femininas da história. A mãe e a sedutora. A primeira é amada, a outra desejada, mas nenhuma é respeitada como indivíduo. Ambos os papeis oprimem as mulheres e as reduzem ao aspecto da sua existência que serve para satisfazer apenas as necessidades dos homens.
Mala, a sedutora é literalmente um demônio. Fascina o assassino Larry, Clarence e naturalmente Dylan. “A Beleza…” é uma história policial noir, e Mala é a clássica Femme Fatale. Ela está na Terra pois foi “conjurada” em 1782 e está prestes a retornar ao inferno graças ao término do prazo da convocação. Sua aparência é belíssima, e seu rosto é desprovido de qualquer emoção. É um objeto, um prêmio a ser conquistado, e quando nega os homens, ela é demonizada por isso.
Sua antagonista é a mãe de Clarence. Uma mulher grande, obesa e feia. Por causa de seu amor possessivo e obsessivo, ela embalsamou o cadáver de Clarence quando ele morreu de câncer e fingiu que ele ainda estava vivo. Apesar de toda a dedicação e declarando todo seu amor pelo filho, ele a acusa de ser má. “Seu amor me machucou. Me fez continuar sendo uma criança assustada. A culpa é sua mãe”, diz Clarence. Quais são as vontades da Sra. Oddbody? Seus sonhos, traumas, gostos ou sua história? Ela vive pelo seu filho e como indivíduo está reduzida à isso, como o papel de mãe que a sociedade patriarcal impõe.
O patriarcado é um sistema sociopolítico que coloca os homens em situação de poder, ou seja, o poder pertence aos homens. Com gênero masculino e a heterossexualidade como superiores em relação a outros gêneros e orientações sexuais. Por isso, é possível verificar uma base de privilégios para os homens.
Desta forma, o contraponto que Sclavi cria na história, da perseguida e linda Demônia, e da possessiva e cruel Mãe, e a relação delas com os homens da história reflete como a sociedade impõe valores, na maioria das vezes fruto do desejo dos homens, sem levar em consideração o desejo das mulheres.