A editora italiana Sergio Bonelli Editore lançou a versão em quadrinhos do livro “O Deserto dos Tártaros”, obra prima de Dino Buzzatti. O quadrinho é adaptado por Michele Medda (co-criador de Nathan Never) com desenhos de Pasquale Frisenda (Tex – Patagônia, publicado pela Mythos; e Sangue e Gelo publicado pela Trem Fantasma). A edição foi publicada em capa dura com 176 páginas no formato 22×29,7 cm (formato BD – Bande Dessinée como Asterix).

O livro, “O Deserto dos Tártaros” foi publicado em 1940 durante a Segunda Guerra Mundial. É o terceiro romance de Dino Buzzati e é o que marca a sua consagração entre os grandes escritores italianos do século XX.

Ambientada em uma cidade imaginária que lembra a Áustria do século XIX, a trama conta a vida do segundo-tenente Giovanni Drogo a partir do momento em que ele se torna oficial e é designado para a Fortaleza Bastiani, local muito distante de sua casa.

A Fortaleza, último posto avançado na fronteira norte do Reino, domina a planície desolada chamada “deserto tártaro”, outrora palco de incursões desastrosas daquela misteriosa população.

Mas durante muitos anos nenhuma ameaça apareceu nessa frente. A Fortaleza, hoje esvaziada da sua importância estratégica, continua a ser apenas um edifício em cima de uma montanha solitária, e da qual muitos desconhecem a sua existência.

O jovem oficial em breve se deixará assimilar pelos rituais militares que organizam o quotidiano da Fortaleza e dos seus ocupantes, e que determinam os seus comportamentos e relações, na eterna espera de um acontecimento heróico e glorioso, talvez uma invasão, ou uma batalha final da qual todos poderão obter glória e prestígio.

Simbolicamente, a Fortaleza representa as pessoas que tem esperança num futuro indefinido mas que ainda espera-se que seja melhor que o presente, e os tártaros, por outro lado, são talvez os fantasmas mais pessoais, medos não superados que acompanham pelo resto da vida. Os tártaros, a população nômade da Ásia Central às vezes identificada como mongóis, na verdade nada têm a ver com o romance. Buzzati usa o nome para evocar a ideia de uma ameaça militar, de uma invasão de um exército ou de um povo desconhecido.

Com um estilo muito evocativo, cheio de mistérios e visões, Buzzati conduz o leitor a um espaço fantástico e surreal. Uma repetição imóvel e estéril de dias, que escorrem como grãos de areia na palma da mão, torna-se o símbolo do drama existencial: a certeza de anular-se na própria existência. Não se pode opor-se ao vento do deserto e ao fim que espera a todos.

A Bonelli lançou no Youtube um trailer da obra: