Dampyr deixou uma seleta legião de admiradores que, embora menor, sabe bem como fazer jus a sua memória e agora, mais do que nunca, a sua volta. O colecionador e leitor Joe Fábio, dono do blog Dampyr Brasil, faz parte dessa legião e topou conversar conosco sobre sua paixão e suas impressões!

ENTREVISTA: PALAVRA DE COLECIONADOR – JOE FÁBIO

Joana Russo: Antes de começarmos, gostaria primeiro apresenta-lo! Quem é o Joe Fábio?

Joe Fábio: Comecei a ler quadrinhos Bonelli com Tex em 1978. Depois, vieram os demais personagens. Fiquei um tempo sem ler, no meio da década de 80, mas o chamado foi mais forte… Moro no noroeste do Espírito Santo, em São Gabriel da Palha. Sou leitor também de Zagor, Júlia, Magico Vento e Dampyr.

JR: É um grande prazer conhecer um aficionado por Dampyr no Brasil! Como seu interesse pelo Herói Caçador de Vampiros surgiu? Como você foi “apresentado” ao título? 

JF: Se minha memória não me trair… penso ter visto em Mágico Vento a propaganda do lançamento. Era uma época que vários títulos estavam sendo lançados pela Mythos Editora e logo na leitura do número 1, a paixão surgiu naturalmente.

JR: E o que mais te chamou a atenção em Dampyr? Quero dizer, qual o motivo que te levou a colecionar e se apaixonar por Harlan?

JF: No início não percebi, mas o que me chamou (e chama a atenção) é que Dampyr está sempre viajando pelo mundo e isso foi preponderante para que a paixão aumentasse… E o pano de fundo é sempre o folclore, assunto pelo qual também sou apaixonado!

JR: Quando você começou a colecionar, a Mythos Editora já estava publicando aqui no Brasil? Como você recebeu a notícia do encerramento do título aqui?

JF: Tenho os 12 números publicados pela Mythos no Brasil. Foi um choque! Como ficar sem Harlan Draka e suas aventuras?

JR: Sei que você mantém sua coleção a toda prova! Como você deu continuidade mesmo após o encerramento da publicação aqui?

JF: Foi um golpe de sorte: meu  irmão é fluente em italiano e, na época, estava ensinando algumas pessoas interessadas em ir à Itália, conseguir a cidadania italiana, por isso, “peguei carona”! Depois o José Ricardo do Rio, abriu a revistaria virtual dele e com ele comecei uma parceria (que dura até hoje): uma assinatura, eu diria! Quando recebi a primeira revista – Dampyr 72 – La Dea Gato (A Deusa Gato), foi um choque… só consegui entender o título! Depois de muito esforço e dedicação, consegui entender a história e comecei a penetrar no universo dampyriano. Numa etapa seguinte, via José Ricardo, consegui aos poucos comprar todos os números, inclusive os que saíram no Brasil.

JR: Para você, o que motivou essa retirada do título do mercado?

JF: Uma pergunta difícil… entendo que a maioria esmagadora dos leitores dos quadrinhos Bonelli, são leitores de Tex. E na época, como hoje, preferem títulos texianos. As inúmeras crises econômicas contribuíram para esse acontecimento. Ao longo desses anos, ouvi muito sobre a falta de divulgação por parte da editora… não vou discordar! Mas chegou-se a um momento que se tinha que escolher, Dampyr ou Tex… O Ranger sempre teve e terá preferência. Lembro que sou Texiano “de carteirinha”, não tenho nada contra ele, nem o abandonei.

JR: Na sua opinião Dampyr tem espaço para voltar para o mercado brasileiro? Porque exatamente?

JF: Entendo que tem espaço. Ao longo dos últimos anos, ouvi e ouço muito: “Dampyr é um personagem fantástico!”. Posso afirmar categoricamente que realmente é. O personagem tem dois pais fantásticos, Mauro Boselli e Maurizio Colombo e, hoje com 210 números (Dampyr 210 foi para as bancas italianas em 5 de setembro), afirmo sem medo de errar, é fantástico! Sem contar, o magistral staff de desenhistas e novamente cito as voltas pelo mundo! Dampyr 210 será no Turcomenistão, em plena Ásia Central!

JR: Como surgiu a ideia de criar o um blog para Dampyr aqui no Brasil?

JF: Meu blog surgiu graças a um comentário do Zeca (do Blogue do Tex Portugal)! Participamos de um grupo que se comunica por e-mail, e ele, certa fez, me disse: “Com tanta coisa do personagem, por que não cria um blog para o personagem?”

Custei um tempo para me decidir, depois com a providencial ajuda do Lucas Pimenta de Salvador, colocamos o blog para funcionar!

Sempre muito difícil citar nomes, pois corro o risco de esquecer alguém, mas os amigos Gervásio, Gege Carsan e o Zé Ricardo (meu fornecedor) deram dicas preciosas. Se esqueci alguém, perdão!

JR: E para quem nunca leu Dampyr? O que você recomenda ou por onde recomenda começar?

JF: A minha dica é: o personagem é um Caçador de vampiros, mas esqueçam tudo o que viram nos filmes de Hollywwod! Dampyr é uma lenda balcânica. Por lá, eles acreditam em super vampiros que andam em plena luz dia, ou seja, a luz do sol não os afeta! Somente esses super vampiros, conhecidos na série como Mestres da Noite, podem criar vampiros. Ao morder um ser humano, esse vira um membro do grupo daquele Mestre da Noite que o mordeu. O que é um dampyr? Esses super vampiros ao se relacionarem com uma humana geram um dampyr, o filho de uma humana com um Mestre da Noite. O segredo de um Dampyr é que seu sangue pode matar os Mestres da Noite. Harlan Draka, o Dampyr atual, molha as balas da pistola que usa com seu próprio sangue e assim, elimina vampiros e Mestres da Noite. Quem está afim de mergulhar nesse universo, comece pelos doze números lançados pela Mythos, ali vão começar a se inteirar! Depois, terão que fazer como fiz, lições de italiano e importar! Há um rumor que Dampyr poderá voltar a ser lançado no Brasil, então ficará mais fácil para novos leitores. Repito, é um personagem fantástico, com histórias sensacionais… vale o investimento!

JR: Joe, gostaria agora de saber um pouco sobre sua opinião para os personagens Bonelli aqui no Brasil. Acha que temos espaço para receber mais títulos ou eles correm o risco de ficar sufocados por causa do apelo do eixo comercial Marvel x DC?

JF: Eu sou leitor de Tex (que dispensa comentários), Zagor (que a Mythos fez um trabalho estupendo com o personagem) e da fantástica Júlia Kendal (como não ser fã da doutora???), mas num país que não se tem o hábito da leitura e crises econômicas sucessivas, é sempre complicado. Literalmente tem que se abrir mão de alguma coisa ou coleção para seguir com a paixão. Com a devida divulgação, acredito que há espaço sim… espaço para todos!

JR: Agora, para finalizar… Se alguém quiser saber mais sobre você e Dampyr, como o pessoal pode entrar em contato?

JF: Eu que agradeço a lembrança. Deixo meu e-mail: joedampyr@gmail.com. Também me encontram no facebook! Estou à disposição para ajudar no que puder para divulgar o personagem.