E para acalmar os curiosos de plantão, hoje é dia de entrevista com Leonardo Campos, um dos integrantes da equipe da Editora 85 que está trabalhando para o retorno de Dampyr ao Brasil.
Joana Russo: Antes de começarmos, gostaria de primeiro apresentá-lo!
Leonardo Campos: Meu nome é Leonardo Campos, engenheiro, tradutor, leitor bonelliano há 20 anos e entusiasta do formato italiano de se fazer quadrinhos! Criador da jovem Editora 85, atualmente estamos negociando os direitos de publicar Dampyr no Brasil.
JR: É um grande prazer conhecer mais um fã de Dampyr no Brasil! Como seu interesse pelo Herói Caçador de Vampiros surgiu? Como você foi “apresentado” ao título?
LC: Meu interesse por Dampyr se deu da mesma forma que com outros personagens Bonelli. Já era um garoto-leitor de Tex quando a Mythos resolveu apostar em mais títulos Bonelli entre os anos de 2002 e 2006. Virava do avesso para tentar comprar todos os títulos! Foi nesse período que conheci Dampyr, e como muitos leitores, fiquei bastante triste com o cancelamento da revista. Anos depois, adquiri alguns números italianos e pude comprovar que a qualidade excepcional de arte e roteiro ainda era a mesma.
JR: E o que mais chamou sua atenção em Dampyr? Quero dizer, qual o motivo que o levou a colecionar e se apaixonar por Harlan?
LC: Sempre gostei de quadrinhos de horror, e como admirador dos quadrinhos Bonelli, não foi difícil me encantar pelas histórias de Dampyr. Outra razão talvez seja por causa de eu ser muito fã dos roteiros de Mauro Boselli na revista Tex, e Dampyr é uma criação dele!
JR: Quando você começou a ler Dampyr, a Mythos Editora já estava publicando ele no Brasil? Como você recebeu a notícia do encerramento do título aqui?
LC: Conheci o personagem pelas edições da Mythos. Na época nem sonhava ($) em comprar fumetti direto da Itália. O cancelamento de Dampyr foi decepcionante, eu não entendia bem como funcionava o mercado de quadrinhos no Brasil. Só ia à banca e esperava sempre encontrar meus gibis preferidos lá…
JR: Para você, na época da publicação dos 12 títulos (2004/2005) o que motivou essa retirada de Dampyr de solo brasileiro?
LC: Infelizmente, as baixas vendas. Foram vários personagens lançados na mesma época (Mister No, Martin Mystère, Dylan Dog, etc) e acredito que pesou no bolso do leitor. Ficou inviável para a Mythos manter um título em bancas que não pagava minimamente seus custos de produção e licenciamento.
JR: Na sua opinião Dampyr tem espaço para voltar para o mercado brasileiro? Por que exatamente?
LC: Tenho plena convicção disso! Razão pelo qual decidi trazê-lo de volta ao Brasil. Para uma editora do porte da Mythos, as baixas vendas impossibilitaram a continuidade de Dampyr, mas para uma jovem editora, uma edição lançada com baixa tiragem pode sim funcionar.
JR: O que te motivou a buscar informações para a republicação do título no Brasil? Sei que você movimentou uma boa pesquisa no Facebook e está com gás total para trazer à vida nosso Harlan. Como você começou tudo isso?
LC: Após a semente plantada pela jovem editora Lorentz, com o lançamento de Dylan Dog, o segundo em vendas na Itália, essa ideia começou a martelar minha cabeça. O grande impeditivo era a questão financeira. Não possuímos o capital necessário para colocar um produto em bancas e torcer para que as vendas paguem o investimento. Desta forma, a alternativa do financiamento coletivo acabou se tornando um caminho natural. Ainda assim, temíamos que a Bonelli não aceitasse a proposta. Hoje esse medo já passou. Estamos finalizando o processo contratual e em breve colocaremos uma campanha no ar, pela plataforma do Catarse. Começa agora um novo desafio, bater a meta de financiamento, produzir a revista e mandá-la para a gráfica.
JR: E como funciona exatamente essa “campanha” que você está implementando? Sei que alguns detalhes não podem ser divulgados, mas conte-me: como é o projeto para publicação? Qual padrão devemos esperar? São histórias inéditas ou haverá republicação?
LC: Gosto de dizer que apoiar um projeto de quadrinhos no Catarse é como comprar um gibi que ainda não foi impresso. Cada apoiador do projeto que contribuir com um dos valores propostos na campanha receberá em sua casa “recompensas”, na maioria delas está presente a nova edição de Dampyr! O projeto aprovado pela Bonelli será uma edição especial com 384 páginas, com 4 histórias inéditas (Dampyr Italiano 13 à 16) em uma sequência direta ao material produzido pela Editora Mythos em 2004/2005, o formato será italiano e o papel off-set. Julio Schneider, um dos maiores conhecedores de Bonelli no Brasil está no projeto, então é garantia de um material excelente! Sobre o formato escolhido, agradou-me bastante, depois que comprei o vol.1 de Face Oculta, da Panini. Devido ao tempo gasto com negociações, campanhas, produção da revista, etc, achamos que não seria interessante entregar apenas 100 páginas de quadrinhos para os nossos apoiadores. Desta forma, publicar 4 histórias de uma só vez foi a escolha mais correta. Acreditamos também que é um formato que vai agradar bastante os leitores mais exigentes, tanto pela qualidade do papel como pelo formato maior, que valoriza a arte do gibi. E uma revista com lombada grande fica muito mais bonita em uma estante de quadrinhos!
JR: E para quem nunca leu Dampyr? O que você recomenda ou por onde recomenda começar?
LC: Recomendo aos novos leitores que apoiem nossa campanha! rs… brincadeira 😊 … as quatro histórias que vamos publicar podem ser lidas tranquilamente por novos leitores, por não interferirem na mitologia do personagem, e futuramente, nossa ideia também é revisitar o material publicado pela Mythos lançando-o neste novo formato. Desta forma, todos os novos leitores poderão ter acesso às primeiras aventuras.
JR: Gostaria agora de saber um pouco da sua opinião sobre os personagens Bonelli aqui no Brasil. Acha que temos espaço para receber mais títulos ou eles correm o risco de ficarem sufocados por causa do apelo do eixo comercial Marvel e DC? É uma ideia que passa pela sua cabeça, de trabalhar com outros personagens da casa italiana?
LC: Acredito que com financiamento coletivo, é possível trazer outros personagens Bonelli para o Brasil. Leitores existem, talvez não no número que permita que as grandes editoras se interessem em publicar, mas seria uma grande oportunidade para pequenas editoras. Se a campanha no Catarse for um sucesso, temos interesse em trazer outras revistas para o Brasil, mas o desejo hoje é consolidar Dampyr no Brasil. O personagem já passa da edição 200 na Itália. Com muito trabalho, queremos que aconteça o mesmo por aqui.
JR: Agora, para finalizar… Se alguém quiser saber mais sobre você e sobre Dampyr, como o pessoal pode entrar em contato?
LC: Enquanto a campanha não começa no Catarse, criamos uma página no Facebook chamada Dampyr Brasil para divulgação das novidades desse projeto. Peço que todos que tenham interesse de apoiar a campanha, entrem na página e cliquem em curtir! No final das contas, a volta de Dampyr ao Brasil está na mão dos leitores e apoiadores!!! Não tanto da editora! À editora, cabe arregaçar as mangas e entregar um material à altura, que agrade a todos colecionadores deste maravilhoso mundo dos quadrinhos italianos!!
*Para acompanhar a editora e as novidades sobre Dampyr, acesse seu Facebook Dampyr Brasil
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