Por Adriano Soares, em 26/07/2016, e republicado agora.

Leitura do “quarteto mágico” pelas mãos do desenhista Luiz Sansone 🙂

Arte de Luiz SansoneSérie nova, com proposta nostálgica, que nos remete para os encantadores idos dos anos 90 no Brasil, que por sua vez , manifestava em seu meio pop audiovisual (cine/music) produções aventurescas e vibrantes da década dos anos 80. Não é à toa que Stranger Things se tornou um fenômeno de grande aceitação, talvez por explorar uma trama que resgate elementos culturais memoráveis que expressam quase que perfeitamente o auge da década na qual a série se passa.

De todas as referências cinematográficas usadas na produção, a que aparentemente foi o carro chefe na influencia de composição dos personagens e do ponto de partida da trama, foi o filme “Stand by Me” (conhecido no Brasil por “Conta Comigo”), baseado em uma história de Stephen King, que por sua vez é uma das grandes mentes idolatradas pelos criadores da série, os irmãos gêmeos Duffer (Matt e Ross), fãs aficionados por terror e ficção científica. Inclusive, dizem que no teste para o casting, as crianças interpretaram cenas de “Stand by Me” já que no início da série a idéia é semelhante, um pequeno grupo de amigos em busca de alguém desaparecido.

A premissa da serie não é nova e muito menos “estranha” como sugere seu tema, pois se formos nos reportar aos elementos que a compõem podemos ver claramente que seu roteiro não somente buscou referências no cinema e na música da época quanto também nas questões sociais e culturais que assolavam o mundo e impregnava o conspiratório e seu imaginário. Veremos na série elementos tão bem explorados pelas mídias e artes, e encaixados de forma bastante proveitosa, exemplos temos as ações dos “Homens de Preto”, tão falados por figuras como o jornalista John Keel em seu artigo publicado em 1967 “The Mysterious Men in Black”, e pelo espião, jornalista , escritor Jacques Bergier em sua obra “Os Livros Malditos”(1971). Figuras essas que também foram bastante utilizadas na literatura e no universo das HQs, vide às historias do fumetti Italiano (Bonelliano) “Martin Mystère o detetive do Impossível”, em que a todo custo tentava derrotar esses supostos vilões governamentais. Claro que depois os mesmos MIB viraram mocinhos por meio da produção estrelada por Will Smith e Tommy Lee Jones.

Alem disso, a ideia central da série é quase idêntica a outra historia em quadrinhos bastante proclamada nos EUA e Reino Unido, que é a “Maquina do Medo”, componente da fase escrita por Jamie Delano para as paginas da HQ Hellblzar – John Constantine, do selo Vertigo da DC, que por sua vez se baseou em fatos reais concernentes às teorias sobre projetos alternativos para os conflitos da Guerra Fria. Bem, não considero coerente prover mais informações, pois se assim ocorrer já estarei dando um grande “spoiler” , mas… Para os curiosos, deixo a sugestão de que, após assistirem a série, caso tenha interesse em saber mais sobre os pormenores que fundamentam a trama procurem saber também do projeto Stargate, pois é bastante interessante.

Concluindo, pode-se chegar a ideia de que, para aqueles que não tiveram contato com clássicos como Et, Os Goonies, Stabd By Me, Alien, Hellraiser, Contatos Imediatos de Terceiro Grau, Poltergeist, Uma Noite Alucinante, Predador, etc… talvez a ideia não toque tanto. Mas, cenário, fotografia, trilha sonora, figurino, compreendem elementos de grande significância na série e que fazem constantemente referencias as produções citadas acima. Sem menos importância também é a trilha sonora, composta por clássicos como “Should I Stay or Should I Go” , do The Clash, “Elegia”, do New Order, e “Atmosphere”, do Joy Division.

Bem, assisti em menos de dois dias a primeira temporada, e fiquei triste, por saber que a segunda ainda não esta disponível. Se você quer aventura, com ares de nostalgia, então recomendo Stranger Things!

Em complemento, Joana Rosa Russo:

A badalada e aclama série da Netflix realmente faz jus a indicação. Não só pelo ar nostálgico, mas por todas as referências, que, de um modo ou outro, acaba obrigando o espectador a coligar as indicações com aquilo que gosta e conhece.

Atualmente a segunda temporada já está disponível e estamos aguardando ansiosamente pela terceira, que já foi confirmada!

Seja bem vindo ao mundo da -nem tão pacata- Hawkins 😀